terça-feira, 3 de junho de 2008

É para frente que se corre!


Parece uma afirmação óbvia vinda de uma pessoa apaixonada pelo atletismo como eu. Meu pai, Olavo de Oliveira, que além de técnico em mecânica, sambista, foi um excelente atleta. Atleta na pura concepção da palavra. Disciplinado. Determinado. Entusiasmado. Vencedor. Não que ele fosse melhor do que os outros. Ele apenas fazia o que planejava. Conquistava seus objetivos.

Se auto-superava.

Em 1966, motivado por ele, iniciei no atletismo em provas de velocidade na distância de 50 metros. Cresci dentro dessa filosofia.
Tenho dentro de mim – essa busca pela evolução. Sempre!
Acredito que sem sacrifícios pessoais não é possível chegar a lugar algum.
Algumas pessoas têm talento – mas não sabem como aprimorar.
Outros têm vontade – esses se transformam em vencedores.
Já vi pessoas correndo de lado, para trás, em zig-zag. Correndo da raia. Correndo das provas. Correndo de teste. Correndo para o abraço.
Isso também me fez lembrar uma passagem nos Jogos Olímpicos de Atenas em 2004 na Maratona quando o alucinado padre irlandês Cornélius Horan invadiu a pista com os braços abertos e derrubou o maratonista brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima. Cordeiro fez jus ao nome. Não reagiu. Não esboçou nenhum gesto obsceno. Apenas se levantou. Sacudiu a poeira e seguiu em frente.Seu gesto de humildade, profissionalismo e espírito olímpico lhe rendeu o título conferido a grandes personalidades do esporte mundial – a medalha de honra do Barão Pierre de Coubertin.

6h05 da manhã. Terceiro dia de junho de 2008. Parque do Estado de São Paulo. Completamos aos 1.703 quilômetros, em cento e cinqüenta e cinco dias (desde o primeiro dia de janeiro deste ano). A média está em 10,9 quilômetros por dia. O acumulado desde 1966 está em 73.838 quilômetros. Uma volta ao redor da Terra tem 39.840 quilômetros pela linha do Equador.

Wanderlei de Oliveira

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