quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Vamos lá dodô

Uma das pessoas mais queridas no atletismo é o Dodô.
Ao retornar de Lisboa, Portugal, após um longo estágio de treinamento na equipe do Sporting Club de Lisboa, campeã da Europa, comandada pelo professor Mário Moniz Pereira. Me aparece na pista de atletismo do Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, um sujeito, barrigudo, com topete, costeleta, camisa florida, aberta até o peito e, uma pasta 007 preta. Amostra, além da pança, um cordão de ouro. Mais parecia um bicheiro. Era janeiro de 1988. Se fosse hoje, poderia ser confundido com um jogador de futebol em final de carreira. Só faltaram os brincos nas orelhas. Simpático. Disse que queria treinar. Quando lhe perguntei se já tinha praticado algum esporte, comentou que jogou futebol de campo no Clube Estrela. De lá para cá, se passaram vinte anos.
O tempo voou.
Para o filósofo Lúcio Sêneca (4 a.C a 65 c.C) “o bom uso do tempo é a chave da felicidade”.
E o Valdomiro Paulo Cocato soube como utilizar esse seu tempo, se dedicando aos treinamentos. Ao trabalho. A leitura. Após a aposentadoria, se tornou um sábio. Hoje, pela manhã, após o treino, conversávamos sobre os escritores portugueses: Fernando Pessoa e José Saramago (Prêmio Nobel de Literatura em 1998). Me recomendou ler “As pequenas memórias” de Saramago, publicado em 2006.
Observem a evolução nos 10 K da São Paulo Classic organizada pela CORPORE – Corredores Paulistas Reunidos, que para ele, é a corrida mais importante da temporada.
Em 2002 aos 61 anos completou em 43min40seg. Já em 2006, aos 65 anos, foi o vencedor com 43min52seg; sua estréia na categoria. Domingo passado dia 23 de novembro, vence novamente com o excelente tempo de 43min39seg. Um segundo mais rápido do que em 2002. Ao término da prova, várias pessoas foram lhe dar os parabéns pelo resultado que deixou várias pessoas impressionadas, inclusive um amigo corredor da madrugada no Jardim Botânico, o professor de história Edílson, de 33 anos, que também participou da prova e chegou poucos segundos à frente. Como é que o Dodô, aos 67 anos consegue isso?
Outro pensamento do sábio filósofo espanhol Sêneca era: - “quem persevera sempre alcança”.

Wanderlei de Oliveira

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Quatro semanas para a São Silvestre

Faltam apenas quatro semanas para a 84ª edição da Corrida Internacional de São Silvestre e você deve programar seu treinamento para chegar em forma para enfrentar os 15 km no dia 31 de dezembro. Como estamos na fase final de preparação (específica), sua atenção deve estar focada na qualidade do seu treino.

Tenha o cuidado de não fazer os treinos de rodagem (trabalho aeróbio) mais rápido do que o planejado (observe sua respiração, que deve estar ritmada e jamais ofegante). Lembre-se de que esses treinos têm como principal objetivo à melhoria da capacidade aeróbia (resistência). É ele que será o responsável por você suportar o ritmo forte e constante por muito tempo, ou seja, completar o percurso da São Silvestre dentro do tempo estipulado pelo seu técnico, e aquele que sua condição física permitir.

Para os treinos de velocidade (trabalho anaeróbio), os cuidados devem ser maiores, uma vez que você estará atingindo seu melhor nível técnico de condicionamento. As pessoas têm uma tendência em realizar os tiros (fartlek, intervalado ou fracionado) mais rápidos do que o necessário. Com isso, você atinge o ápice antes do grande dia. No jargão do atletismo, isso significa “virar o meio-fio”. No momento mais importante, pode não ter forças para um excelente desempenho.

Redobre a atenção em relação aos seguintes itens: horas de sono (o tempo está sendo suficiente para a recuperação?), alimentação (está adequada com o gasto energético?), a hidratação durante os treinos ou mesmo ao longo do dia (tem sido adequada?). Sonolência, tontura, mal-estar e até dores estomacais são alguns dos sintomas sentidos por aqueles que não repõem adequadamente os líquidos.

Observe a cada treino como reage o seu organismo, para poder corrigir caso haja algum erro na preparação. Jamais faça treinos fortes seguidos. Seu organismo necessita de pelo menos 48 horas de recuperação após um treino mais intenso. Se este tempo não for o suficiente, dê um dia a mais. O importante é estar recuperado para o próximo treino. Caso o cansaço persistir, é sinal que possa ter alguma deficiência orgânica, tipo: - princípio de anemia ou alguma verminose procure o mais rápido possível um médico do esporte e relate o acontecimento.

A São Silvestre é realizada em pleno verão: - calor e festas de final de ano. É uma boa oportunidade para fazer todos os exames médicos que foram deixados de lado ao longo do ano. Participe deste grande evento, mas seguro e conciente de que sua saúde esta em perfeitas condições para enfrentar esse desafio. E, depois festejar a chegada de 2009.

Wanderlei de Oliveira
Foto: Léo Shibuya/ZDL

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Gordura aos 40 anos reduz expectativa de vida

ATLANTA, EUA (CNN) - Dois em cada três norte-americanos brigam com a silhueta e a maioria sabe que quilos a mais podem contribuir para males que põem a vida em risco, como derrame, diabetes e doença cardíaca. Mas exatamente quantos anos a gordura vai tirar de cada um?

Um novo estudo mostra pela primeira vez o quanto a expectativa de vida é reduzida para aqueles que estão acima do peso ou obesos aos 40 anos.

Para os fumantes, as perspectivas são ainda piores.

"Se você está acima do peso, basicamente vive três anos a menos... e se você é obeso, vive aproximadamente de seis a sete anos a menos", diz o Dr. Robert Eckel, da American Heart Association.

Há muito, os cientistas sabem que pessoas com excesso de peso têm menor expectativa de vida, mas poucos estudos de grande escala foram capazes de determinar quantos anos elas perdem.

O estudo feito por pesquisadores holandeses, e publicado na edição desta semana da revista Annals of Internal Medicine, avaliou dados de 3.457 adultos com idades entre 28 e 62 anos em Framingham, Massachusetts, entre 1948 e 1990.

Mas qual é a diferença entre estar acima do peso e ser obeso? Os médicos usam o índice de massa corporal (IMC) para medir a proporção entre peso e altura.

Uma pessoa com IMC de 25 ou mais é considerada acima do peso, e aquela com IMC de 30 ou mais é tida como obesa.

Fumantes na meia-idade são duplamente atingidos.

Fumantes obesos podem subtrair mais sete anos de sua expectativa de vida. Segundo os números do estudo, mulheres obesas e fumantes vão viver 14 anos a menos - e os homens 13 anos a menos - do que aquelas que não fumam e estão dentro do peso.

Cerca de dois terços dos adultos norte-americanos estão acima do peso ou são obesos, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças.

Estudos também mostraram que as pessoas estão engordando mais cedo.

O que fazer, então?

"A mensagem importante deste estudo é, vamos trabalhar na prevenção. Vamos trabalhar com os jovens para impedir este aumento na gordura corporal", disse o Dr. Eckel.

O médico recomenda perder cerca de meio quilo por semana até atingir o peso ideal, através do corte de 500 calorias por dia.

Segundo o especialista, esse é um objetivo realista e poderia resultar na perda de cinco a 10 por cento da gordura corporal.
Foi um sucesso a "Virada esportiva" que aconteceu nos dias 15 e 16 de novembro em São Paulo. O esporte, em especial a caminhada e a corrida, são excelentes no auxílio na perda de gordura e ganho de condicionamento físico. Mas, lembre-se, sempre acompanhado por nutricionistas, médicos do esporte e profissionais qualificados com vivência comprovada para que você tenha segurança e colha os frutos no futuro.

"Tudo começa com um primeiro passo"
Wanderlei de Oliveira

terça-feira, 18 de novembro de 2008

"O segredo do sucesso é a constância de propósito" Benjamin Disraeli

Você não fracassa por fazer as coisas erradas. Fracassa por desistir ao fazer as coisas erradas.

A diferença entre um fracasso e um sucesso não é aquilo que sai errado. Tanto os que fracassam, quanto os que atingem o sucesso, em qualquer área da vida, cometem erros. Muitos cometem erros enormes. Deixe-me repetir isso, para que você compreenda: tanto os que fracassam, quanto os que atingem o sucesso, em qualquer área da vida, cometem erros. Muitas vezes, os mesmos erros. Você não fracassa por fazer as coisas erradas. Fracassa por desistir ao fazer as coisas erradas.

Em qualquer momento da história, em qualquer país do mundo e em qualquer mundo do Universo, não existe nenhuma diferença nos erros cometidos pelos que têm sucesso e os que têm fracasso. Nenhuma diferença. Na verdade, normalmente os que levam os troféus da vida cometem erros maiores, mais caros e mais dolorosos do que aqueles que ficam comendo pipoca na arquibancada da existência. Naturalmente, a imagem que fica dos vencedores é aquela do podium, do momento em que o "herói" levanta o troféu. Mas é somente uma cena do filme da vida dos vitoriosos. A cena editada.

Quantas vezes você viu Ayrton Senna deprimido, chorando, triste, bravo, suando enquanto reclamava que não conseguia fazer "Cooper" por que seu peito parecia doer? Provavelmente, nenhuma. Mas ele era humano e, por isso, também fracassava. Ainda assim, você tem a imagem do seu carro cruzando a linha de chegada, ele carregando a bandeira do Brasil e a música eternizada do "tan-tan-tannnn tan-tan-tannnn". Você se lembra dele no topo do podium, levantando o troféu. Você lembra do minuto da vitória. Apenas quem conviveu com ele lembra das horas de preparação, dos dias de esforço, das milhares de vezes que ele errou e, rapidamente, corrigiu seu rumo.

Você não fracassa por fazer as coisas erradas. Fracassa por desistir ao fazer as coisas erradas. Ayrton Senna cometeu todos os erros que um piloto pode cometer. Mas ele tinha um propósito e não desistiu jamais. Anote isso em sua mente: tanto os que fracassam, quanto os que atingem o sucesso, em qualquer área da vida, cometem erros. Muitas vezes, os mesmos erros. Mas os que têm sucesso não desistem. Eles continuam. Eles têm constância de propósito.

Você errou. Doeu, talvez não somente em você, mas em outras pessoas. Você sofreu. Você teve sua carne marcada pela vida como o fazendeiro marca seu gado com ferro quente. Ótimo. Isso prova que você está mais próximo do podium, mais perto de atingir seu sonho. Talvez a marca tenha sido causada por uma crise no casamento, um emprego perdido, um filho envolvido com o submundo, uma escolha errada na universidade. Chore, viva o sofrimento. Fique triste, absorva a derrota. Não finja que não sofreu. Sofra. Você faz parte da raça humana, e isso é normal. Mas faça tudo isso somente na hora da queda. Assim que a vida tirar ferro quente da sua carne, vire a página e, como Ayrton Senna, olhe a próxima pista, o próximo desafio, os próximos erros e a próxima vitória. Leve com você a marca que a vida lhe deu. Ela é parte de tudo de bom que você é agora, ou vai ser.

Como disse Benjamin Disraeli, "o segredo do sucesso é a constância de propósito". Você fez uma burrada? Excelente. Somente quem faz parte dos "personagens do filme" fazem burradas. Os outros pagam o ingresso no cinema para assisti-los. Entre no filme da sua vida. Você não fracassa por fazer as coisas erradas. Fracassa por desistir ao fazer as coisas erradas. Tente novamente, por mais improvável que seja. Tente. Tente. Tente!

Não importa o tamanho da sua queda, do seu erro, da sua derrota, você está mais próximo agora, do que estava antes. Por isso, não desista.
"No esporte como na vida, as vezes se ganha, as vezes se perde. O importante é o próximo desafio".

Wanderlei de Oliveira
* Aldo Novak, autor do texto, é coach & conferencista. Diretor da Academia Novak do Brasil

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Menos gorduras. Mais saúde!

Ficou com medo ao receber o resultado de seu exame de sangue?

Continue assim que você já sabe onde irá parar “muito em breve”, antes disso – vai aí uma cervejinha bem gelada e uma picanha suculenta mal passada? Ou um quibe encharcado no óleo?

O colesterol é um tipo de gordura presente no organismo do ser humano.

Quando você consome muito colesterol, ele pode se depositar nas paredes das artérias e formar placas de gordura, diminuindo o fluxo de sangue, podendo entupir a artéria.

Se a artéria entupida for uma coronária (no coração), ocorre um enfarte.

Se for no cérebro um AVC (acidente vascular cerebral ou derrame).

É isso que você quer? Imagine a dor de cabeça para os seus familiares, cuidar de um peso morto.

Conheça as siglas que aparecem nos exames:

LDL – low density lipoprotein (lipoproteína de baixa densidade)

VLDL – very low density lipoproteína (lipoproteína de baixíssima densidade)
Estas frações de baixa densidade são conhecidas como “colesterol ruim”, que transportam o colesterol mais lentamente, e acabam deixando resíduos de colesterol na parede das artérias.

HDL – high density lipoprotein (lipoproteína de alta densidade). É a fração protetora chamada de “bom colesterol”. O HDL ajuda na limpeza das artérias, levando os resíduos de colesterol depositado nas artérias para o fígado, onde são processados.

Colesterol total – é a soma de todas as frações.

Está na hora de mudar de vida. Só depende de você.

Comece a correr para queimar as gordurinhas.


Siga estas recomendações e seja mais saudável.

Evite alimentos ricos em gordura saturada, como: carnes gordas, miúdos e vísceras, manteiga, creme de leite, leite, iogurte integral, frutos do mar, gema de ovo, lingüiça, presunto gordo, mortadela, salame, pele de frango e gordura visível das carnes, torresmo, banha, bacon, toucinho, requeijão, chocolate, queijos amarelos e gordos (parmesão, provolone, prato, brie, camembert, gouda)

Prefira leite e iogurte desnatados, queijos magros (requeijão, queijo branco ou minas, ricota), grelhados (peixe, carnes magras, frango, peru ou chester).

Use mais alimentos ricos em fibras, como verduras, legumes, frutas, cereais integrais (aveia, arroz, trigo, centeio, cevada), leguminosas (feijão, lentilha, ervilha, soja, grão-de-bico).

Cuidado com a gordura vegetal hidrogenada (presente na margarina, biscoitos, sorvetes, massa folhada, manteiga de amendoim).

Invista nos antioxidantes, presentes nas frutas e vegetais coloridos. Está comprovado que as vitaminas C e E protegem as artérias da oxidação dos depósitos de gordura.

Os triglicérides ou triglicerídios constituem um outro tipo de gordura que também pode provocar sérios danos cardiovasculares. A gordura da alimentação é absorvida sob forma de triglicérides. Sendo assim, para quem tem altas taxas dessa gordura no sangue, é imprescindível uma dieta pobre em alimentos gordurosos.

Porém, o excesso de álcool e carboidratos refinados (açúcar, doces, geleias, mel, refrigerantes, farinha branca, pão branco) pode se transformar em triglicérides.

O ideal é consumir muitas fibras, investir nos alimentos antioxidantes, carboidratos complexos (pães integrais, arroz integral, aveia), peixe. A gordura do peixe tem mostrado ótimos resultados no combate aos índices elevados de triglicérides.

“Seja feliz e saudável enquanto estiver vivo, pois você vai passar muito tempo morto”
Wanderlei de Oliveira

Fonte de consulta: Nutrição e bem-estar de Márcia Daskal Hirschbruch e Sônia de Castilho – Editora CMS

terça-feira, 11 de novembro de 2008

50 dias. 500 quilômetros. 25 mil calorias!

Faltam apenas 50 dias para o término do ano de 2008.

Se você correr 10 quilômetros por dia até o dia 31 de dezembro, terá percorrido 500 quilômetros.

Cada hora corrida, em média são consumidas 500 calorias, portanto você poderá queimar 250 mil calorias. E, começar 2009 – bem leve!

Quando traçamos objetivos, tudo fica mais fácil. Nada é motivo de desculpa, como a famosa preguiça do início de semana.

Sabendo aonde quer chegar, já terá percorrido metade do caminho. As qualidades mais importantes para o corredor são a disciplina e a persistência nos treinos de rodagem em ritmo bem lento.

O filósofo grego Aristóteles (384 a.C. - 323 a.C.) escreveu: - "Tudo isso demanda perseverança. Paciência. Suor. Muito suor. A virtude é uma arte obtida com o treinamento e o hábito". "Nós somos aquilo que fazemos repetidas vezes. A virtude, então, não é um ato, mas um hábito. Treinar. Perseverar".

6h23 da manhã. Décimo primeiro dia de novembro de 2008. Hoje percorremos 15 quilômetros pelo gramado do Parque do Ibirapuera em São Paulo. Somados dá 3.493 quilômetros nos trezentos e dezesseis dias do ano. Chegamos aos 75.558 quilômetros rodados desde 1966 quando iniciei na prática do atletismo.

A média subiu para 11,1 quilômetros por dia. Uma volta ao redor da Terra tem 39.840 quilômetros pela linha do Equador.

Wanderlei de Oliveira

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Patinhar à beira-mar

Correr é sempre bom. A beira-mar é ainda melhor!

Sol. Primavera. Pessoas alegres. São combinações perfeitas para uma belíssima manhã no Guarujá, litoral de São Paulo.

Ao chegar no pedágio da rodovia dos Imigrantes, uma revista exposta na cabine me chamou a atenção. Na revista Ecovias, cujo título era “corrida para o verão” encontrei uma matéria assinada pela jornalista Cynara Escobar na qual ela consultou vários profissionais alertando para os riscos de problemas de saúde provocados pela malhação sazonal. Assim como os atletas de final de semana, são as pessoas que procuram as academias de ginástica nos meses que antecedem o verão na esperança de entrar em forma. Queimar os quilos extras adquiridos após longo período longe da malhação, com bem retratou Escobar. Os problemas surgem quando exercícios em excesso e regimes improvisados entram na disputa contra o tempo e a balança, provocando lesões e riscos à saúde. Segundo Paulo Roberto Correia, ex-atleta olímpico dos 100 metros e fisiologista do Esporte da Universidade Federal de São Paulo, “isso ocorre porque, em geral, as pessoas são acomodadas e buscam o exercício mais pela estética do que pela boa saúde. Elas se esquecem de que é preciso passar por uma fase preparatória para que o corpo se adapte às novas atividades”. “Os exercícios sazonais e a alimentação inadequada podem ocasionar contusões, problemas nas articulações e maus súbitos após o treino”, enfatizou Correia.

A expressão “patinhar à beira-mar” era usada pelo professor Mário Moniz Pereira, técnico do Sporting Club de Lisboa em 1987 quando levava a equipe de atletas para treinar na Praia de Carcavelos próximo a Lisboa, Portugal. Entre eles estavam o recordista mundial dos 10.000 metros em pista Fernando Mamede (27min13) e os irmãos Castros (Domingos e Dionísio) que começavam a despontar como grandes corredores de longa distância.

A Patrícia Vismara e eu fizemos os mesmo. Corremos na praia da Enseada, Pitangueira e
Astúrias, próximo d´água, onde a areia é mais firme, que facilita o deslocamento. O percurso é plano. Diferente de muitas praias de tombo (inclinadas), o que é ruim para tornozelos, bacia, coluna. Se isso não for possível evitar, o melhor é ir e voltar na mesma praia para compensar o equilíbrio e alinhamento do corpo.

Praticar o cross-send é uma ótima pedida para melhorar o condicionamento físico e relaxar em contato com a natureza.

Wanderlei de Oliveira

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Marílson dos Santos: "Treinei muito para chegar até aqui. Não sou azarão"

O bicampeão da maratona de Nova York diz que não venceu a prova por acaso e que treinou muito para ser reconhecido pelo seu trabalho

São Paulo (SP) - Após conquistar o bicampeonato da Maratona de Nova York, Marílson Gomes dos Santos conta com detalhes sobre a sua estratégia na prova e como conseguiu arrancar no último quilômetro, ultrapassar o marroquino Abderrahim Goumri e vencer a prova com 2h08min43s.

O atleta patrocinado pela Nike diz que treinou muito para alcançar seu objetivo e conquistar o reconhecimento mundial na prova. “Ninguém ganha uma maratona por sorte ou acaso uma vez. Imagina duas”, afirma Marílson.

Confira entrevista abaixo.

O que representa vencer pela segunda vez em Nova York? Qual a diferença em relação a 2006, quando venceu pela primeira vez?
Na primeira vez, não tinha noção do que isso significava. Não tinha noção do quanto essa vitória ia alavancar minha carreira. Dessa vez foi diferente. Eu já estava ciente disso. E eu queria muito vencer novamente aqui. Queira muito poder provar que não que não era um azarão. Não venci a primeira vez por sorte, como muitos pensaram. Com a segunda vitória, pude provar que tenho capacidade para fazer uma boa maratona e vencer uma prova grande como esta. Ninguém ganha uma maratona por sorte ou acaso uma vez. Imagina duas. Meu objetivo era esse. Vencer novamente, ser reconhecido pelo meu trabalho, pelos meus treinos e pelo o que venho fazendo ao longo da minha carreira.

Você direcionou todo seu foco de 2008 para a maratona dos Jogos Olímpicos, mas as coisas não saíram como esperava. Como buscar motivação novamente para em tão curto espaço de treino voltar bem, em condições de lutar por um título tão importante com a Maratona de Nova York?
Quem corre maratona sabe que nem todo dia é um dia bom para o maratonista. Às vezes você treina, faz tudo certinho e as coisas dão errado, como aconteceu em Pequim. É preciso se acostumar com isso. Nem sempre tudo acontece da forma como você imagina. Claro que eu queria ter corrido bem nas Olimpíadas. Eu não parei na maratona olímpica por causa da colocação. Parei porque não tinha condições físicas de terminar a prova. Não acho que ganharia a prova, porque foi muito rápida, fora das minhas características, mas acredito que conseguiria uma boa colocação se tivesse num bom dia. Mas, se não acertei numa oportunidade, por que não posso tentar de novo? É disso que tiro minha motivação. Procurei focar numa outra prova e tentar novamente. Claro que a vitória em Nova York não substitui um resultado que poderia ter conseguido em Pequim. Imagino que vou lamentar isso por alguns anos ainda. Mas estou muito feliz por vencer novamente. É uma prova difícil e bem concorrida e ganhar pela segunda vez é um feito extraordinário.

Como foi sua trajetória pós-Olimpíadas e quando decidiu que faria Nova York?
Eu já tinha o convite dos organizadores, mas só resolvi que faria duas semanas depois de Pequim. O Adauto me convenceu, até porque eu tinha feito uma preparação muito boa para os Jogos e achamos que era possível aproveitar um pouco dessa preparação, treinando em menos espaço de tempo que normalmente treino e ainda assim chegar bem para fazer a prova. Descansei duas semanas depois da maratona olímpica e retornei aos treinos já visando Nova York. Fiquei ainda duas semanas treinando em Campos do Jordão para ficar um pouco afastado da cidade de São Paulo, onde clima estava variando demais e teria que me deslocar muito para treinar. Campos é uma cidade mais pacata, as coisas são mais perto uma da outra. Fiquei mais lá pela tranqüilidade da cidade mesmo e consegui fazer ali excelentes treinos, sempre muito bem focado no meu objetivo. Fazia alguns treinos em altitude e descia a serra para fazer em Taubaté os treinos de pista. Foi muito bom. Fui para o Mundial de Meia maratona, no Rio de Janeiro, com pouco tempo de treino e mesmo assim considero que fiz ali uma excelente prova. Isso me animou. Foi bom encaixar uma meia maratona bem. A partir dali, comecei a pensar mais alto e acreditar que poderia chegar bem em Nova York. Em relação à rotina de treino, não mudei nada do que fiz para as Olimpíadas. Fiz o mesmo treino, mas apenas em menos espaço de tempo.

Você está aqui na entrega da premiação da World Marathon Majors e acabou de assistir a um filme destes dois anos do circuito. Você se viu ali no filme, vencendo em Nova York em 2006. Como você se sente fazendo parte dessa história ao lado de nomes tão consagrados no atletismo? O que lhe vem à cabeça quando você se vê ali?
Quando comecei a correr 42 km era na verdade isso que eu buscava. Deixei de correr algumas provas no Brasil porque queria correr maratona e estar entre os melhores corredores do mundo. Estou conseguindo fazer parte dessa história e para mim isso é muito importante. Quando eu vejo um filme desses, sinto a sensação de dever cumprido e que eu posso chegar ainda mais longe. Não sei aonde eu posso chegar. Não sei até quando, mas vou batalhar para estar sempre entre os melhores.

Você tem evoluído bastante nestes últimos anos e o resultado em Nova York, com um tempo apenas 5 segundos acima da sua melhor marca, comprova isso, ainda mais porque sabemos que a Maratona de Nova York é uma prova mais difícil em relação a percurso. Conseguir um resultado tão bom em termos de tempo numa prova como esta lhe dá confiança para mostrar que pode ir mais longe?
Corria em Nova York (2h08min43s) minha segunda melhor marca, apenas cinco segundos mais lento. Foi muito próximo do meu melhor, que fiz em Londres no ano passado (2h08min38s). Isso mostra que eu tenho condições de correr muito mais rápido num percurso favorável. Saio dessa prova com a sensação de que minha real marca em tempo ainda está por vir. Eu posso correr muito abaixo disso.

Ao que você credita seu sucesso?
Ao treino. Não existe um bom resultado sem treino. Não existe milagre nesse tipo de atividade que faço. Se você não treina bem não tem como conseguir sucesso. O treino é 80% do atleta que quer melhorar o resultado. Claro que temos que contar um pouco com a sorte para estar bem no dia, mas só ela não basta. É preciso treinar muito e batalhar para chegar bem e ter condições de enfrentar os 42 km.

De onde vem a confiança para saber que você está bem para encarar uma prova como Nova York, por exemplo? Quais seus indicativos?
Os treinos são os principais indicativos. Embora eu tenha tido pouco tempo para me preparar para Nova York, isso até em função dos Jogos e da Meia do Rio, os treinos estavam muito semelhantes, com uma resposta muito parecida do que vinha fazendo em 2006, principalmente na parte final da preparação. É isso que me dá confiança. Cada treino que eu faço e percebo que melhoro, vou comparando com o que já fiz em situações similares, em certas competições e chego à conclusão de que posso correr bem. São os treinos que me dão, por exemplo, a confiança de, numa coletiva de imprensa, dizer que estou bem e vou correr com o objetivo de ganhar.

Na coletiva de imprensa você disse que era difícil montar uma estratégia para a prova, porque todos os atletas se conheciam muito bem. Muito dificilmente ninguém ia deixá-lo escapar na Primeira Avenida, como aconteceu em 2006. Você disse que sua estratégia era se manter no pelotão da frente e também não deixar ninguém escapar. Como foi sua prova?
A estratégia foi me manter na frente toda com o grupo, não deixar ninguém escapar. No momento que o marroquino quis escapar, fui junto. Foi aí que abrimos uma certa vantagem do segundo grupo. Até a passagem da meia maratona estava um bolo de atletas, todos juntos. A prova passou a marca da meia num ritmo mais lento do que em 2006, porque estava ventando contra e fez muito frio o tempo todo. A partir do quilômetro 25, na entrada da Primeira Avenida (depois da milha 16), houve algumas tentativas de fugas. Depois de alguns ataques, pouco a pouco o grupo foi se desmanchando. Perto do quilômetro 35, só restaram eu e o marroquino, que nos alternamos na liderança. Tentei escapar primeiro. Por volta do 37 km (milha 23), ele conseguiu escapar e abriu cerca de 7 segundos, mas não me abati. Tentei alcançá-lo o tempo todo e consegui buscá-lo no último quilômetro.

Quando o marroquino abriu, o que veio à sua cabeça? Achava que podia ainda buscar? Quando percebeu que dava para buscar e quando achou que a prova já estava ganha?
Fiquei calmo. Nessas horas você tem que tentar de tudo. Se ele cansasse, eu buscaria. Do contrário, teria que me contentar com a segunda colocação. Quando percebi que ele estava olhando para trás o tempo todo, comecei a apertar para tentar buscá-lo o mais rápido possível porque percebi que ele estava cansando. E consegui isso a cerca de 1.200 metros do final. Passei por ele, dei uma olhada e vi que ele ficou. Não teve reação. Mas só senti mesmo o sabor da vitória depois que passei a linha de chegada, até porque já vi acontecer de tudo em final de prova.

Como vencedor da prova, você tem tido nestes dias uma agenda lotada. O que fez até aqui e o que fará daqui para a frente?
Depois que cruzei a linha de chegada, está sendo na verdade uma outra maratona. A agenda é lotada e sempre tem alguma coisa para fazer. Após a maratona, no domingo, fui assistir ao jogo de basquete da NBA do New York Knicks com o Milwaukee Bucks. Na seqüência, fui direto para a festa de encerramento da maratona. Eu e a Juliana tivemos apena uma três horas de sono. E hoje (segunda) já tinha pela frente logo pela manhã a abertura do pregão da Bolsa de Valores de Nova York. Depois de duas coletivas de imprensa, estamos aqui agora no almoço da premiação da World Marathon Majors e daqui vamos direto subir ao Empire State para tirar fotos la de cima e poder ver a vista toda da cidade. Depois, nem sei mais o que vem pela frente. Apesar de cansativo, acho importante cumprir todos esses compromissos. É um retorno que podemos dar para uma prova que nos acolhe tão bem.

Quando você cumprir toda essa agenda, qual a primeira coisa que vai fazer?
Sigo amanhã, na terça, com a Juliana para a Disney. Já tinha programado isso. Vamos ficar cinco dias descansando, conhecendo os parques em Orlando e tentar descansar o máximo para chegar ao Brasil bem, porque tenho certeza de que na volta terei uma terceira maratona pela frente. Depois do treino intenso da Olimpíada, acabei descansando pouco. Agora vou ver se consigo ter um período mais longo de descanso para no ano que vem começar o primeiro semestre já com força total.

Intervenção da Juliana: Dia 9 de novembro, faremos seis anos de casados. Poder conhecer a Disney, ainda que em curto espaço de tempo, não deixa de ser uma comemoração.

Já tem em mente o que vai fazer daqui para a frente?
Vou descansar, tirar umas férias, avaliar minha condição física e, quando voltar, quero avaliar como vou reagir depois da maratona. Se estiver bem, volto na seqüência aos treinos. Existe uma pequena possibilidade de fazer a São Silvestre, mas é mais provável mesmo que meu objetivo principal seja apenas no ano que vem mesmo. Devo fazer uma maratona no primeiro semestre e uma no segundo. Ainda não está decidido qual será. Mas muito provalvemente devo voltar para Nova York.

Todo mundo sabe que um corredor não consegue ir muito longe sem um bom par de tênis. Principalmente um maratonista, que tem que acumular quilometragem nos pés. Qual o modelo de tênis que fez parte da sua temporada de treino para chegar bem em NY?
Desde a primeira vez que treinei com o Pegasus já gostei de cara. Faço a maior parte das minhas rodagens com ele. É um tênis que amortece bem e protege as articulações, não deixando dolorido. Gostei desde o primeiro contato com ele. Já a algum tempo venho usando o Pegasus. Uso em toda rodagem, seja ela curta ou longa. Em rodagens de 10 km para cima eu sempre vou de Pegasus. É um tênis resistente. Demora um tempo maior para acabar do que os de competição. Mesmo assim, procuro sempre alterná-lo nos treinos, para não usar só um par. Gosto de deixar a borracha dele normalizar, voltar ao normal. Geralmente tenho três pares em uso, que dura uma preparação toda para uma maratona.

E que modelo de tênis o conduziu à vitória em Nova York?
Corri com um Nike Katana. É um modelo antigo que pedi para a Nike, porque me adaptei bem com o tênis. Comecei a usá-lo quando fui para Campos do Jordão. Fiz poucos treinos com ele, até porque esse tênis tem menor durabilidade mesmo e pouco tempo de uso. Fiz alguns treinos de pista. Procurei não usar muito antes da prova para que ele estivesse no ponto certo. Dei apenas uma amaciada para que pegasse o formato do meu pé, adaptasse à pisada e já estivesse pronto para a maratona. A trajetória dele terminou no domingo. Agora ele está guardado, ainda com o chip da corrida e junto com o número de peito, como o da maratona de 2006.

Acabamos de subir no Empire State e você pode ter uma dimensão de toda essa cidade que o projetou. O que achou?
Foi muito legal. Quando estamos em Manhattan, temos muito a visão do concreto, por causa dos prédios muito altos. De lá de cima, deu para ver tudo, que Manhattan é uma ilha, e perceber toda a dimensão dessa cidade.

FERNANDA PARADIZO - NOVA YORK

terça-feira, 4 de novembro de 2008

O medo da morte

Depois que o mundo assistiu pela televisão no dia 25 de janeiro de 2004 a morte súbita aos 24 anos do jogador húngaro Miklos Fehér do time de futebol do Benfica de Portugal, todos se assustaram. Diariamente morrem milhares de pessoas no mundo. Nos esportes, proporcionalmente esta incidência é pequena, uma vez que a maioria dos esportistas são pessoas saudáveis. Mas não é uma regra. Poucos são os jogadores de futebol que podem ser considerados um ‘verdadeiro atleta’, haja visto, a má vontade com que a maioria vão para o treinamento físico e a disposição com que participam dos jogos. Freqüentemente assistindo a Gazeta Esportiva da TV Gazeta, vejo jovens jogadores dizendo que estão fora de forma. É ridículo, vindo de um profissional do esporte, que é pago para somente se dedicar à prática do futebol. Todos têm a obrigação perante aos clubes e patrocinadores, de estarem ao longo da temporada 100% preparados, afinal, esse é o seu trabalho.

Qualquer pessoa, em poucos meses de treinamento orientado, acompanhamento médico e disciplina, é capaz de correr uma São Silvestre (15 Km) com muitas subidas e descidas.

Agora, um jogador de futebol, que treina em dois períodos (manhã e tarde), reclama quando tem que correr a mais se o companheiro lança a bola longe dos seus pés.

As famosas noitadas dos jogadores, muitas das vezes, são regadas de bebidas alcoólicas, comidas gordurosas e cigarro. Qualquer leigo sabe que isto não é saudável. Não estou recriminando o comportamento dos jogadores, cada um faz o que acha correto, mas relato fatos que são presenciados pela mídia e torcedores.

O verdadeiro atleta se dedica de corpo e alma aos seus objetivos.

Todo excesso, pode trazer conseqüências negativas para o organismo. Noites mal dormidas, alimentação inadequada, altas doses de álcool, falta de condicionamento físico, altas temperaturas e herança genética, podem predispor a desconfortos durante uma partida de futebol ou qualquer outra atividade física que exija do praticante.

Hoje a medicina moderna esta tão avançada que pode reverter casos de doenças se detectados logo no início.

Os médicos do esporte que acompanham todos os principais atletas do mundo do futebol são extremamentes qualificados para tal. Os grandes clubes possuem verdadeiros laboratórios com aparelhos de ultima geração.

Se você leitor, que gosta de praticar esportes, e já faz alguns meses que não faz os exames médicos, e não possui a retaguarda de um clube de futebol, vai aqui uma dica para ‘correr seguro’:

Hemograma completo (mais glicose, ferritina, ácido úrico, colesterol e frações, urina tipo 1 e parasitológicos) - serve para diagnosticar casos de colesterol alto, diabetes, anemias e outros problemas que precisem ser tratados antes de se submeter a qualquer esforço físico.

Teste de esforço (também chamado de potência aeróbia ou ergoespirométrico) - realizado em esteira ou bicicleta ergométrica, vai detectar se existe ou não alguma anomalia cardíaca durante o esforço físico e também vai indicar qual seu atual nível de condicionamento.

Check-up dentário - Ao se submeter ao programa de treinamento, você vai utilizar todas as suas reservas. Sendo assim, qualquer tipo de infecção, por menor que seja, pode ter seu quadro agravado.

Avaliação nutricional - Checar os hábitos alimentares e adequá-los às novas necessidades calóricas impostas pela carga e volume de treinamento são providências mais do que bem-vindas. Além disso, se você estiver com um índice de gordura mais alto do que o normal para a prática da corrida, é importante seguir uma dieta.

Avaliação ortopédica - Dor ciática, anormalidades na coluna, obesidade, má postura, lesões antigas nos meniscos ou nos ligamentos ou até mesmo um formigamento são algumas pistas que podem levar o ortopedista a detectar problemas que podem se agravar quando colocados à prova.

Wanderlei de Oliveira

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Qual o segredo do sucesso?

Alguns atletas ao primeiro tropeço – desistem. Outros, com determinação, planejamento e muita disciplina – seguem em frente. Muitos chegaram a questionar o fim da carreira da britânica Paula Radcliffe após dois “fracassos” seguidos na maratona nos últimos Jogos Olímpicos. Discreta, aceitou as duras críticas e continuou fazendo o seu trabalho. No domingo dia 2 de novembro, dia de finados, renasceu para o mundo com o tricampeonato na Maratona mais famosa do mundo – Nova York.

Foi uma prova perfeita, com parciais de 1h13min23seg e 1h10min33seg nos 21 K. Para quem conhece o percurso sabe que os últimos seis quilômetros são dentro do Central Park, com subidas e curvas. Outro fato que chamou a atenção foi o ritmo forte nas sete milhas finais com parciais de 5min25, 5min23, 5min20, 5min20, 5min18, 5min12 e 5min13, o equivalente a 33min01 nos 10 K finais. Uma milha equivale a 1.609 metros. Simplesmente fantástico!

Acompanhem a belíssima carreira de uma das atletas mais vitoriosas dos nossos tempos.

Paula Radcliffe nasceu no dia 17 de dezembro de 1973, em Nortwich na Inglaterra. Hoje aos 35 anos é considerada uma heroína para os britânicos, pelos seus excepcionais resultados no atletismo internacional.

No ano de 1992 em Boston nos Estados Unidos, ela tornou-se campeã mundial Junior de Cross-Country e no mês de março de 2002 (dez anos após) em Dublin na Irlanda, vence pela segunda vez o mundial, agora na categoria adulta. Outro fato interessante, assim como o atleta português Carlos Lopes que nos anos 80 e 90 era o único atleta branco a fazer frente a soberania negra de etíopes e quenianos, Paula Radcliffe, é um nome certo para vencer as principais provas do circuito internacional, impondo respeito pelas adversárias.

Ela é treinada pelo técnico alemão Volker Wagner, o mesmo da queniana Tegla Loroupe, ex-recordista mundial da maratona, e da etíope Birhane Adere ex-recordista mundial indoor para os 3.000 metros com 8m29seg15, sendo a primeira mulher a quebrar a barreira dos 8min30. Em Bristol na Inglaterra (2003), tornou-se campeã mundial dos 21 km com o excelente tempo de 1h06min47sec. Nos Jogos Olímpicos de Sydney em 2000, foi a quarta colocada nos 10 mil metros com 30m26seg, sendo este seu melhor resultado para a distância (em pista).

Radcliffe também já foi recordista mundial dos 5 K (prova de estrada) com o tempo de 14min51seg. Ainda esta em seu poder o recorde mundial dos 10 quilômetros em rua com o tempo de 30min21seg, média de 3min02 por quilômetro estabelecido no dia 23 fevereiro de 2003 em San Juan (Porto Rico).

Dentre todos seus grandes resultados, é o recorde mundial dos 42.195 metros (26,2 milhas para os ingleses), conquistado na Maratona de Londres no dia 13 de abril de 2003, com a fantástica marca de 2h15min25seg, média de 3min12 por quilometro, ou o equivalente a 18,7 quilômetros por hora, que lhe deu mais fama e credibilidade internacional.

Vale lembrar que Paula Radcliffe foi eleita Atleta do Ano de 2002, pela IAAF – Federação Internacional de Atletismo.

Wanderlei de Oliveira

Marilson Gomes e Paula Radcliffe: os monarcas da NYC Marathon

A corrida de rua mais importante do calendário mundial, a Maratona de Nova York com 38.377 competidores teve duas vitórias importantes neste domingo, a do brasileiro Marilson Gomes da Silva e da britânica Paula Radcliffe. O brasileiro venceu o circuito com o tempo de 2h08min44seg, abaixo do seu tempo de 2006 quando atingiu 2h09min58seg e se torna uma referência na competição.

"Hoje eu provei que em 2006 não foi sorte". "Este circuito é muito favorável para mim. Me lembra a minha casa", declarou Marílson às agências internacionais, que comemorou com a bandeira do país e a esposa Juliana.

Contra o brasiliense havia a temperatura de 5 graus Celsius além do vento forte, de acordo com informações de alguns sites americanos.

O segundo colocado foi o marroquino Abderrahim Goumri que liderou durante grande parte da prova mas finalizou atrás de Gomes com tempo de 2h09min07seg, seguido pelo queniano Daniel Rono com o tempo de 2h11min22seg. O ex-campeão da prova norte-americana, Paul Tergat, chegou em quarto com 2h12min.

Mãe e maratonista vencedora
A britânica Paula Radcliffe, 34 anos, depois de abandonar a maratona dos Jogos Olímpicos, retorna em grande estilo vencendo pela terceira vez a Maratona de Nova York com o tempo de 2h23min56seg. A russa Ludmila Petrova foi a segunda colocada com 2h25min43, seguida pela norte-americana Kara Goucher com 2h25min53.

"Ganhar três vezes é realmente especial para mim. É incrível mesmo ter alcançado a marca e estar no caminho de Greta Waitz (vencedora da NYC Marathon por nove vezes). Nova York é um lugar que eu amo entrar (para correr), mas foi diferente este ano", disse Radcliffe ao site Sports Ticker.

Alguns site europeus já consideram Radcliffe como a rainha de Nova York e comentam que ela ressurgiu das cinzas quando todos os críticos achavam que ela tinha encerrado a carreira com o abandono na China. Esse é o esporte, essa é a corrida de rua.

Arnaldo de Sousa, jornalista e corredor
Foto: Runner's World de Victah Sailer e Reuters