Foi a primeira frase que pensei ao cair na VII edição do Circuito Montanholi em Morungaba no sábado dia 21 de junho.
O paulista Paulo Vanzolini é o autor da letra do samba “Volta por cima” de 1962, que ficou famosa na voz do cantor Noite Ilustrada. Vanzolini é médico formado pela Universidade de São Paulo com especialização em zoologia na Universidade de Harvard nos Estados Unidos. Zoólogo mundialmente respeitado por seu trabalho no Instituto Biológico e no Butantã é um dos principais nomes da música popular brasileira, autor da belíssima canção: - Ronda.
Na descida do circuito após o quilometro doze, ultrapassei o Nilton Maia que momentos antes informou que iria parar no décimo quarto quilometro por estar sentindo dores musculares devido ao curso de montanhismo que esta fazendo nos finais de semana. Como meu objetivo era fechar em 1h45, que é a média dos últimos anos (já completei cinco edições, parei em 2005 quando o circuito foi realizado após a Maratona de Roterdã e não estava totalmente recuperado), começaria a imprimir um ritmo mais forte a partir do segundo trecho da prova. O Nilton Maia, solidário como sempre tentou me ajudar na queda mais não era possível fazer nada. Como havia um carro ao nosso lado descendo junto enquanto eu rolava morro abaixo, o que pude fazer foi soltar o corpo e empurrar o chão com a mão esquerda para deslocar meu corpo para a direita e evitar um acidente mais grave. É preciso estar sempre atento, isso é um lema constante no meu dia-a-dia, não sei como caí, não tropecei em nada. De repente esta me ralando nas pedras da estrada de terra. Levantei rápido. Aí vi o estrago que fez, escoriações nos dois joelhos, um buraco na mão esquerda. Hematomas na perna esquerda até altura da bacia. Como dizem os americanos: “no pain, no gain”. Falei para o Nilton seguir em frente. E ele foi até o final, ainda ajudou a Ana Luiza dos Anjos Garcez a completar a prova (ela sempre que parar) e sempre para. Na hora da festa, o Nilton confessou que dedicou a prova para o seu técnico.
Um belíssimo gesto de companheirismo.
A Patrícia Rodrigues Vismara, minha esposa ao me ver na ambulância sendo atendido pelos médicos, ficou preocupadíssima. Pedi a ela para continuar que estava tudo bem. Ela estava em um bom momento da competição, solta, forte e confiante. Principalmente pelos vários treinos específicos realizados nos últimos dois meses para a prova (Campos do Jordão, Guarujá, Aldeia da Serra e também no próprio circuito em Morungaba). Saí da ambulância andando e um dos médicos vinha atrás me acompanhado. Não pensava em completar a prova. Pretendia caminhar até o Sítio Santa Clara e ficar na torcida pelos amigos. A Patrícia deixou de fazer uma excelente prova para ficar ao meu lado. Nesse momento passava a Fernanda Paradizo que acompanhava do carro madrinha fotografando e o José Carlos Romanholi - correndo, ao me ver todo ralado, sujo, gritou para o motorista do carro me pegar e levar para a base do posto médico que estava no Sítio.
A foto acima foi tirada momentos antes do acidente. O carro que estava atrás de nós com o pessoal de marketing do Frigorífico Marba, quase me usou como matéria prima para a produção de presunto (foram eles os primeiros a prestarem socorro e me levar para o posto de atendimento médico no quilometro treze). Como disse o montanhista e corredor Enzo Ebina, seria um “presunto magro”. Brincadeiras à parte, ainda na letra do Paulo Vanzolini – “reconhece a queda e não desanima, levanta sacode a poeira e dá a volta por cima!”.
Agradeço a todos pela manifestação de carinho e aproveito para citar uma mensagem oriental que recebi da Dra. Selma Nakakubo (campeã da primeira edição do Circuito Montanholi em 2002): “Um tombo sempre nos abre os olhos para um outro lado que deixamos de prestar a atenção, depois dele sempre melhorará”.
Quiô-tsuque-tê!
Wanderlei de Oliveira
O paulista Paulo Vanzolini é o autor da letra do samba “Volta por cima” de 1962, que ficou famosa na voz do cantor Noite Ilustrada. Vanzolini é médico formado pela Universidade de São Paulo com especialização em zoologia na Universidade de Harvard nos Estados Unidos. Zoólogo mundialmente respeitado por seu trabalho no Instituto Biológico e no Butantã é um dos principais nomes da música popular brasileira, autor da belíssima canção: - Ronda.
Na descida do circuito após o quilometro doze, ultrapassei o Nilton Maia que momentos antes informou que iria parar no décimo quarto quilometro por estar sentindo dores musculares devido ao curso de montanhismo que esta fazendo nos finais de semana. Como meu objetivo era fechar em 1h45, que é a média dos últimos anos (já completei cinco edições, parei em 2005 quando o circuito foi realizado após a Maratona de Roterdã e não estava totalmente recuperado), começaria a imprimir um ritmo mais forte a partir do segundo trecho da prova. O Nilton Maia, solidário como sempre tentou me ajudar na queda mais não era possível fazer nada. Como havia um carro ao nosso lado descendo junto enquanto eu rolava morro abaixo, o que pude fazer foi soltar o corpo e empurrar o chão com a mão esquerda para deslocar meu corpo para a direita e evitar um acidente mais grave. É preciso estar sempre atento, isso é um lema constante no meu dia-a-dia, não sei como caí, não tropecei em nada. De repente esta me ralando nas pedras da estrada de terra. Levantei rápido. Aí vi o estrago que fez, escoriações nos dois joelhos, um buraco na mão esquerda. Hematomas na perna esquerda até altura da bacia. Como dizem os americanos: “no pain, no gain”. Falei para o Nilton seguir em frente. E ele foi até o final, ainda ajudou a Ana Luiza dos Anjos Garcez a completar a prova (ela sempre que parar) e sempre para. Na hora da festa, o Nilton confessou que dedicou a prova para o seu técnico.
Um belíssimo gesto de companheirismo.
A Patrícia Rodrigues Vismara, minha esposa ao me ver na ambulância sendo atendido pelos médicos, ficou preocupadíssima. Pedi a ela para continuar que estava tudo bem. Ela estava em um bom momento da competição, solta, forte e confiante. Principalmente pelos vários treinos específicos realizados nos últimos dois meses para a prova (Campos do Jordão, Guarujá, Aldeia da Serra e também no próprio circuito em Morungaba). Saí da ambulância andando e um dos médicos vinha atrás me acompanhado. Não pensava em completar a prova. Pretendia caminhar até o Sítio Santa Clara e ficar na torcida pelos amigos. A Patrícia deixou de fazer uma excelente prova para ficar ao meu lado. Nesse momento passava a Fernanda Paradizo que acompanhava do carro madrinha fotografando e o José Carlos Romanholi - correndo, ao me ver todo ralado, sujo, gritou para o motorista do carro me pegar e levar para a base do posto médico que estava no Sítio.
A foto acima foi tirada momentos antes do acidente. O carro que estava atrás de nós com o pessoal de marketing do Frigorífico Marba, quase me usou como matéria prima para a produção de presunto (foram eles os primeiros a prestarem socorro e me levar para o posto de atendimento médico no quilometro treze). Como disse o montanhista e corredor Enzo Ebina, seria um “presunto magro”. Brincadeiras à parte, ainda na letra do Paulo Vanzolini – “reconhece a queda e não desanima, levanta sacode a poeira e dá a volta por cima!”.
Agradeço a todos pela manifestação de carinho e aproveito para citar uma mensagem oriental que recebi da Dra. Selma Nakakubo (campeã da primeira edição do Circuito Montanholi em 2002): “Um tombo sempre nos abre os olhos para um outro lado que deixamos de prestar a atenção, depois dele sempre melhorará”.
Quiô-tsuque-tê!
Wanderlei de Oliveira
2 comentários:
Wanderlei, fantástica a história.
ainda com o Vanzolini, acho que uma boa resposta para a tua queda sejam os seguintes versos:
Um homem de moral,
Não fica no chão
Nem quer que mulher
Lhe venha dar a mão.
Reconhece a queda
E não desanima,
Levanta, sacode a poeira
Dá a volta por cima !
Combina muito com a tua aventura.
grandes abraços e boa sorte!
Dizem que corredor só é corredor mesmo depois de tomar um tombão assim e não desanimar. Agora esta completo.
Abraços e boa recuperação
Andre
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