quinta-feira, 5 de junho de 2008

Lá vêm os quenianos!


Esta simples frase tem assustado muita gente nos últimos anos. Os atletas do Quênia, Robert Cheruiyot, 29, e Alice Timbilili, 24, confirmaram o favoritismo ao vencer a 83ª edição da Corrida Internacional de São Silvestre. Robert Cheruiyot, que participou pela quinta vez da prova em 2001, na sua estréia, teve uma indisposição estomacal que lhe rendeu apenas a 21ª colocação. Mas uma semana depois, Cheruiyot venceu no Uruguai a Corrida Internacional de San Fernando, prova de 10 km, realizada entre as cidades de Punta Del Leste e Maldonado. Em seu vasto currículo, importantes conquistas, como o tricampeonato da São Silvestre (2002, 2004 e 2007) e o tetracampeonato na Maratona de Boston (2003, 2006, 2007 e 2008), os campeonatos da Maratona de Milão em 2002, da Maratona de Chicago em 2006 e da Meia-Maratona de Lisboa também em 2006. No final de 2007 recebeu o prêmio de 500 mil dólares pela vitória nas cinco principais maratonas do mundo. Seu melhor resultado na distância é de 2h07min14s, na Maratona de Boston de 2006.
Cheruiyot foi descoberto por Paul Tergat e até 2002 recebia ajuda financeira e orientação técnica de Tergat.

A São Silvestre projetou internacionalmente Robert Cheruiyot.

Alice Timbilili
Reservada. Em sua estréia na São Silvestre conquistou com tranqüilidade sua primeira vitória na prova e a simpatia do povo brasileiro. Timbilili tem apenas 24 anos, mas muita experiência. Em 2007 foi vice-campeã da Meia Maratona da Filadélfia nos Estados Unidos, de Saltillo, no México, e terceira em Nova Delhi, na Índia. Em outubro do ano passado no Campeonato Mundial de Corridas de Rua, em Udine na Itália, ficou em nono lugar. Seu melhor resultado nos 21 km é de 1h08min56s, conquistado na Filadélfia.

Quenianos na São Silvestre
Antes da vitoriosa trajetória de Paul Tergat na Corrida Internacional de São Silvestre, os quenianos já tinham brilhado nas ruas de São Paulo. Tudo começou em 1992, com Simon Chemwoyo, que desbancou o bicampeão mexicano Arturo Barrios, vencendo a prova com o tempo de 44min08s. A outra vitória veio no ano seguinte, com a falha do etíope Fita Bayesa, que errou o funil de chegada, proporcionando ao queniano o bicampeonato da competição, com 43min20s, e a primeira vitória feminina com Hellen Kimayio, que é a recordista da prova com 50min26. Outras vitórias no feminino vieram com o bicampeonato de Lydia Cheromey, em 1999 e 2.000.

Paul Tergat, com seis participações na Corrida Internacional de São Silvestre, marcou a história da prova mais popular da América Latina. Já na sua estréia venceu estabelecendo o recorde da prova de 43min12s, média de 2min52s, que permanece até hoje.
Mesmo não estando presente na última São Silvestre, Paul Tergat deixou sua marca através de Robert Cheruiyot, seu companheiro de treino. Em certos momentos, até faz lembrar o grande campeão, pelas suas passadas, biotipo, estilo de corrida, e até mesmo a expressão (olhar fixo), concentração constante, obsessão pela vitória e simpatia.
Além de ser o único pentacampeão da São Silvestre, vencendo em 1995, 1996, 1998, 1999 e 2000, Tergat foi o segundo colocado em 97, quando foi superado no final da avenida Brigadeiro Luís Antônio pelo brasileiro Emerson Iser Bem.
Na 30ª edição da Maratona de Berlim, Alemanha, realizada em setembro de 2003, Paul Tergat, na época com 34 anos, conquistou mais um recorde mundial para a sua longa carreira, o da maratona, com 2h04min55, média de 2min57 por quilômetro.

O segredo do sucesso
A maioria dos atletas nascem em áreas rurais. Quando crianças são obrigadas a ir para a escola correndo, chegando a percorrer mais de 10 km de percurso, entre ida e volta. Assim que os atletas são revelados para o atletismo, a maior motivação passa a ser a vontade de vencer e de divulgar o Quênia para o resto do mundo. Além disso, a maioria das tribos estão localizadas em regiões que superam os 2 mil metros de altitude, o que favorece a melhora do condicionamento físico, com o aumento da taxa de hemoglobina no sangue, responsável pelo transporte de oxigênio, principal fator para o alto rendimento em provas de longa distância.

Porém não basta só talento natural, o verdadeiro segredo do sucesso dos quenianos esta na disciplina diária com que conduzem seus treinos. Chegam a percorrer mais de 200 quilômetros por semana em trilhas, montanha. Os treinos de qualidade em pista são realizados em terra batida.

Wanderlei de Oliveira

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