Tri Sport (edição de setembro)
Atletas que ouvem música quando se exercitam conhecem muito bem os efeitos motivacionais que uma boa seleção pode produzir no seu treinamento, ajudando inclusive a melhorar a performance. Existem hoje estudos que comprovam os benefícios da música no esporte, além de exemplos de atletas de alto nível que fazem uso disso em competições importantes, como o nadador norte-americano Michael Phelps, que faturou oito medalhas de ouro nos Jogos de Pequim e em todas as provas que disputou estava lá sempre com seu iPod.
No caso de Phelps, a música é um estímulo para aumentar a adrenalina à beira da piscina antes da competição. “Quebrei meu primeiro recorde mundial ouvindo música antes. Naquele dia, percebi que estava diferente na piscina. A música me deixou agitado. Não pensei em mais nada a não ser em nadar”, disse Felps em entrevista concedida a um especial para uma TV norte-americana. A trilha sonora que o campeão usa para isso, segundo publicado na revista People, uma seqüencia do rapper Lil ‘Wayne, sobretudo a faixa I’m Me, do disco “The Carter III”.
Outro exemplo famoso é o do etíope Haile Gebrselassie, que estava em busca do recorde dos 2.000 metros indoor e descobriu que, se corresse no ritmo da música Scatman, de John Scatman, poderia de alguma forma a atingir seu objetivo. E isso há dez anos, quando pouco ou nada se falava a respeito dos benefícios da música para a performance. Dito e feito. Em fevereiro de 1988, o atual recordista do mundo de maratona bateu a marca mundial dos 2.000 metros em pista coberta ao som de Scatman. Quando perguntando sobre o porquê da escolha da música, o etíope disse que o ritmo é um pouco mais rápido do que o de suas pernas. “A música me motiva e me faz correr mais rápido”, disse o etíope.
Um estudo elaborado pelo dr. Costas Karageorghis, professor de psicologia da Universidade de Brunel, em Londres, mostra que o impacto da música associado ao exercício pode aumentar em até 20% a performance do atleta se a seleção for bem escolhida. Segundo o pesquisador, “pode ser essa a diferença entre chegar em 1º lugar ou na 4ª ou 5ª posições”. A também recordista mundial de maratona, a inglesa Paula Radcliffe, também é adepta da música no treinamento. Segundo ela, seu uso é muito útil para quebrar a monotonia, principalmente quando faz exercícios de fortalecimento em academia ou mesmo em atividades indoor de cross-training, como bike, elliptical ou ski-machine.
Embora seja certo e haja exemplos de sobra que a música bem escolhida interfere de forma positiva na performance do atleta, na hora de optar por colocar um fone no ouvido e ligar o som no último volume para correr, há de se considerar os prós e os contras.
Os prós
- A música tem um poder estimulante e motivacional. Ela ajuda você ir mais adiante num treino quando poderia desistir. Exercícios que poderiam ser monótonos tornam-se mais estimulantes com o uso de música, já que desvia a atenção da mente para o som.
- Além de ter um poder motivacional antes e durante o exercício, a música serve também para relaxar a mente. Isso pode acontecer durante exercícios mais leves, de apenas rodagem, ou mesmo no aquecimento e no desaquecimento.
- A música coloca diversão na sua rotina de treino, principalmente quando a playlist é bem selecionada e “casa” direitinho com seu treino do dia.
Os contras
- Apesar de ser estimulante e motivacional, é preciso ter cuidado para não desviar a atenção do movimento e da técnica do exercício. Você pode ficar muito empolgado e sair completamente do ritmo, correndo o risco de se machucar e treinar completamente fora daquilo que é sua capacidade.
- Quando você está com fones de ouvido, é preciso ter atenção redobrada com o que acontece no ambiente à sua volta, principalmente para quem corre na rua, que deve ter muito cuidado com os carros. Corra sempre na direção contrária dos carros para poder visualizar o movimento. No pedal ao ar livre, é completamente desaconselhável o uso de fones de ouvido.
- Uma pessoa que treina muito com música pode achar monótono fazer o mesmo treino sem música. Lembre-se de que em situações de prova hoje em dia em muitos casos não é permitido o uso de fones de ouvido. Por isso, tenha a certeza de que você saberá lidar com isso numa competição.
Fernanda Paradizo Parte de matéria publicada na revista Tri Sport, edição de setembro de 2008
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
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Um comentário:
já não consigo treinar sem ouvir o MP3
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